domingo, 4 de setembro de 2016

QUINTO DIA - CONSOLAÇÃO A LUMINOSA - 50,7 KM - 02/09/2016

Fizemos nosso café da manhã, bem básico, às 06h30. Hoje não foi possível fazer um lanche para levar, pois acabaram os pães. Decidimos seguir o pedal, sem os lanches, e comer algo em Paraisópolis. Exatamente as 08h00 partimos rumo as novas experiências do caminho. 

Descemos bastante, para sair da cidade. Logo surgiram as montanhas, fazendas e paisagens. Aproveitamos os locais bucólicos para fotos e reflexões.





Nesta placa, fomos lembrados, que já percorremos mais da metade do caminho... 


Temos muito medo deste tipo de mata-burro, com um vão no meio, principalmente quando aparece após uma descida. Vimos muitos como esses na Estrada Real. Aqui, raramente aparecia, mas é sempre bom ter cuidado.


Após alguns quilômetros, chegamos a uma pequena vila que achei o máximo! Haviam baldes de leite, na frente dos sítios. Voltei a minha infância! Em Salto de Pirapora, onde fui criada, minha mãe deixava uma pequena leiteira, a noite, sobre uma muretinha próximo ao portão de casa. Às 06h00, o leiteiro passava e a enchia. Era impressionante que ninguém mexia. Fico feliz em saber que mais de 30 anos depois, tem lugares neste 'brasilzão', em que ainda se vive assim. 


Em outros pontos, o leiteiro parava em lugares estratégicos e aguardava seus consumidores buscarem o leite!



Com uma sensação extremamente saudosa, segui viagem ainda mais sensível quanto a tudo que víamos e sentíamos. E que lugares... 

O caminho é especialmente sinalizado! Em nenhum momento nos sentimos perdidos.







E lá vamos nós, rumo a Paraisópolis!


Este trecho é tão gostoso e fácil que, por um instante, até esqueci que estávamos no difícil Caminho da Fé... Sem grandes subidas ou descidas... apenas um horizonte lindo e uma bela cadeia de montanhas a nossa volta. 






Vez por outra, passávamos por alguma criação de gado, curtindo um sol. 


Nossa 'alegria' acabou quando passamos por esta bifurcação. Dá-lhe subir novamente, rs.




Mas foi uma subidinha de 'leve'. 






Agora já vemos mais uma montanha, a nossa frente. Antes de enfrentar a serra, comemos umas bananas e barrinhas. 



No meio da subida, fomos 'atacados' por uma porção de cachorros! Cuidado... as cenas são fortes! rs





Aliás, vale a pena dizer que até agora, não sofremos nenhum ataque sequer de cachorros. Os dog's mineiros são 'super de boa'...

Decidimos registrar algumas fotos, enquanto subíamos esta linda serra.





E após uma longa subida, tive que avisar meus companheiros: 
'Bom dia, senhores companheiros, meu nome é Claudia, sou a comissária de bordo líder deste voo. O tempo aqui é estável, temos boa visibilidade. Gostaríamos de pedir que apertem os cintos, pois nosso pouso já foi liberado.' 
A piadinha era só para dizer: 'Jeronimôôôôô'! 
Dááá-lhe descida! E... assim chegamos a Paraisópolis. 


Após tantos dias no caminho, não estávamos mais acostumados a 'grandes' cidades. Em meio a uma confusão de pessoas e trânsito, procuramos uma sombra para nos abrigar, porque o sol estava mesmo judiando. Compramos pães, mortadela e taubaína, para nosso almoço, e comemos novamente  na praça. Uhmmmm...


Após o lanche, pegamos o carimbo na padaria, que faz parte dos pontos de apoio do caminho, e seguimos rumo a Serra Cantagalo. 


Os primeiros quilômetros são bem bonitos e tranquilos.







Mas a sequência é cruel! Considero ter sido a pior subida, desde o primeiro dia. Foram quase 10 km subindo, sem parar, dos quais empurramos mais da metade! Eu brincava, enquanto empurrava: 'Canta galo, canta vai!' Achamos bonitinho que, no meio da subida, um senhor, dos muitos que passaram de carro por nós, parou ao nosso lado perguntando se estávamos bem ou se precisávamos de algo... ele não podia fazer muito por nós, no entanto, só por demonstrar sua preocupação, ficamos muito felizes! Maria comentou: 'Como é bonita a boa educação, não é? Não custa nada... mas é bonita!' 

Assim que chegamos ao bairro 'Canta Galo' registramos o memorável momento ao lado da placa! Olha a Maria se 'segurando' ao chegar. 


No exato momento, que acabo digo: 'Que vontade de uma taubaína bem gelada!', viramos uma esquina e vemos um bar... ooo delícia!


Para nossa boa 'surpresa', o dono do bar era o sr. Educado, que passara por nós a pouco.  Nos deliciamos com nossa taubaínacarimbamos o 'Galo' do bairro, jogamos conversa fora e seguimos viagem. 


E dá-lhe subida! Depois daqui, pedalamos / empurramos mais um pouquinho até a famosa placa: 


Olha o ânimo, da Maria. 


Novamente apertamos os cintos porque agora a descida é punk! Ainda não contei mas Maria tinha muito medo das descidas. Normalmente, descíamos na seguinte ordem: eu ia a frente, Maria no meio e Filipe atrás de nós duas. Eu já sou 'chegada' em um freio... Maria é pior que eu! Filipe, de castigo, vinha atrás, acabando com seus freios. Quando ele perdia a paciência, com nós duas, ele gritava: Solta os freios, Mãriaaaaaa!!!! Quando parávamos para descansar as mãos, só ríamos. Por isso, a cada nova descida, a frase virou nosso grito de guerra: Solta o freio Mãriaaaaaa! kkkkkk

Após quilômetros e quilômetros de descidas, avistamos abaixo o distrito de Luminosa. Paramos para registrar o momento.


Enquanto ainda descíamos, passamos por um grupo de peregrinas de Mogi Mirim, que também vieram com carro de apoio. Estão fazendo o caminho fracionado, todo final de semana. São muito animadas e provavelmente ficaremos hospedados no mesmo lugar, isso é, se coubermos todos na pousada da D. Inês, visto que elas já tinham reserva e nós ainda não.


Seguimos descendo até Luminosa. Ali, Filipe e eu tomamos uma cerveja geladinha (chamada A Outra) e Maria um sorvete. Um rapaz, dono de uma pousada, nos convidou a ficar por ali mas, embora estivéssemos muito cansados e inseguros quanto a se haveriam vagas, decidimos arriscar seguir. A pousada está localizada há 4 km do centro deste distrito.

Meu Deussss! Estes 4 km foram cruéis! Sem dúvida OS MAIS DIFÍCEIS de toda a viagem! O sol estava esturricando nossos miolos, não conseguíamos mais pedalar, por isso, apenas empurrávamos. Uma subida... e que subida, ao que parecia infinita... e nada... nada de casa, apenas uma grande plantação de bananas. No PDF, havia a informação que a pousada localizava-se no km 107. Quando vi a placa do 108, sabia que ainda faltava 1 km para chegar. Decidi parar e registrar:  


E empurra, empurra, empurra, e nada... cadê a pousada?!? A seta, me manda seguir, duas vezes ainda! Sou obrigada a rir. Paro novamente para fazer o registro. 


Maria, a cada quilômetro tirava algo... o capacete e a camiseta 'já eram'... estava ficando preocupada com os trajes que ela chegaria na pousada, rsrs. 


Pense nos 400m mais longos da minha vida... tipo 4 km!  


Mas chegamos!




Sentei no chão, bebemos uma cervejinha gelada, que estávamos merecendo, e fiquei brincando com os pintinhos. 


Seguimos logo para o banho frio e delicioso, que estávamos merecendo! Aos poucos as meninas foram chegando. Enquanto o jantar não ficava pronto, elas prepararam um churrasco, que também pudemos desfrutar. 



Ficamos conversando até o grande momento, o mais esperado, aquele onde D. Ines saiu lá fora e gritou: Jantar tá pronto!! 


A partir daí, não lembro de mais nada, rs. As meninas até tiraram um sarrinho da gente pois, Filipe, Maria e eu, literalmente corremos para a mesa. Arroz, feijão, salada e sopa de mandioca com carne... ai ai ai. Cadê as fotos? Sinto muito, estava comendo! rsrs. Só posso dizer que tudo foi perfeito... pousada, companhia e jantar. 

Segue os quilômetros pedalados e a altimetria vencidos hoje:


Hoje foi o dia mais difícil, desde que começamos. Vencemos subidas  difíceis e descidas extremamente técnicas. O sol estava forte e, provavelmente, o cansaço já estava nos desgastando. Mas tudo foi muito bem recompensado, com a chegada na pousada da D. Ines, banho e jantar. A pousada é simples mas muito gostosinha! Filipe e eu ficamos em um quarto pequeno, numa cama de casal. O colchão era razoável, e o quarto um pouco quente, mas tínhamos um ventilador, que ficou ligado a noite toda. De acordo com D. Ines, embora o local tenha como recepcionar 60 pessoas, é sempre bom confirmar a reserva, pois geralmente, em final de semana ou feriado, é comum lotar. Não tem wi fi, mas o 3G da vivo pega muito bem! Ela tem tanquinho + centrífuga, que nos disponibiliza gratuitamente. 
Para reservas na Pousada da D. Inês (novo telefone)
35-9 9903-9051

Gastos

R$ 55,00 - Pousada e Jantar
R$ 20,00 - lanches e bebidas do caminho

Total 75,00 



2 comentários:

  1. Acho que vocês fizeram uma distância muito grande, o nosso ritmo seria ir de Paraisópolis até a D. Inês. Vocês são valentes e corajosos!

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  2. Verdade? Não tinhamos ideia que esses 4 km seriam tão complicados, senão, tinhamos ficado em Luminosa... chegamos bem ali! Mas no fim, foi tudo tão bom, na D. Ines, que se fosse hoje, acho que faria tudo novamente...

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